EPO: entenda como esse hormônio vem causando a morte de atletas amadores

A Dra. Alessandra Masi alerta para os perigos para a saúde do uso deste hormônio por atletas amadores em busca de mais rendimento nas atividades físicas
EPO: entenda como esse hormônio vem causando a morte de atletas amadores
Em 17/10/2017 às 08:00

Não é de hoje que atletas profissionais e amadores buscam superar recordes, conquistar a alta performance e testar os limites do próprio corpo. O problema existe quando essas pessoas usam substâncias perigosas para alcançar o sucesso, como o EPO. Em conversa com o Be Bang, a Dra. Alessandra Masi, ortopedista e traumatologista do esporte, alerta: “Esse hormônio faz com que o sangue chegue com muito mais potência ao coração, o que favorece o desempenho em exercícios exaustivos, como ciclismo e a maratona, por exemplo. O problema é a conta que o corpo recebe depois. O número de ciclistas com morte súbita é altíssimo e ninguém entende o motivo. Está aí a explicação”.

Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, da International Cartilage Repair Society (ICRS) e da American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS), a Dra Alessandra detalha como a Eritropoetina age no corpo: “Depois de injetado, o hormônio fica de 6 a 8 horas fazendo efeito. Nesse período realmente a pessoa apresenta um maior rendimento nos esportes já que ele aumenta o número de glóbulos vermelhos, o que melhora o transporte de oxigênio pelo sangue. Com isso o ganho de energia para as atividades é muito maior. O problema é que esse efeito é passageiro e o EPO precisa ser usado novamente para o desempenho continuar bom nas outras provas e treinos. E aí o sangue fica cada vez mais viscoso, começa a coagular mais rápido. O risco de trombose e embolia é imediato, assim como o aumento da probabilidade de ataque cardíaco e AVC”.

EPO já foi muito usado por atletas profissionais

De acordo com Alessandra Masi, o EPO já foi muito usado por atletas profissionais no passado. “Antes não existia essa droga sintética, então nas décadas de 1970 e 1980 alguns atletas tiravam sangue do próprio corpo, esperavam o sangue se regenerar e faziam uma transfusão (infusão autóloga). Isso acontece porque nosso corpo, através dos rins, produz a Eritropoetina. Só que o COI (Comitê Olímpico Internacional) pegou isso no teste e oficializou o EPO como doping, então ele parou de ser usado em competições oficiais. Mas os atletas amadores não passam por esse tipo de teste. Agora qualquer um que quer aumentar o rendimento de forma ‘fácil’ para ganhar notoriedade com isso, especialmente nas redes sociais, usa”.

Alessandra acredita que a facilidade com que se pode encontrar o EPO hoje em dia ajuda a disseminar o seu uso: “O EPO é famosíssimo nos grupos de ciclistas e corredores. E como atualmente conseguem encontrar o hormônio, em sua forma sintética, em qualquer farmácia torna-se fácil e rápido usar. O problema é que nem todos conhecem seus riscos”. O EPO serve para aumentar o número de células vermelhas em pacientes com anemia crônica em decorrência da AIDS, por exemplo, ou com câncer. “Para isso ele é um excelente remédio”, avalia a profissional.

Médica orienta modulação fisiológica

Alessandra Masi garante que é possível ter um desempenho acima da média em treinos e competições sem prejudicar a saúde e nem ser pego no doping: “Tenho muitos pacientes esportistas e a primeira coisa que faço é um check up e um mapeamento de todos os hormônios. Dá pra saber bem quando alguém usa uma substância ilegal. Eu aviso que faz mal e sugiro uma modulação fisiológica controlada. Deixo os hormônios e as vitaminas no terço (porcentagem) superior do saudável. A testosterona, por exemplo, pode estar entre 700 e 1100. Coloco no limite máximo. A mesma coisa faço com a hemoglobina, vitamina D e magnésio. Isso ajuda muito na performance. Claro que além disso explico que um sono reparador, alimentação equilibrada e treino são fundamentais. Tendo tudo isso o desempenho aumenta demais. Sem doping e sem prejuízos ao corpo”.

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