Descubra os sinais de quem usa esteroides

Investigação feita por revista americana constata ser possível reconhecer os usuários do hormônio que promove crescimento celular, especialmente, muscular e ósseo
Descubra os sinais de quem usa esteroides
Em 23/11/2017 às 08:00

Reconhecer uma pessoa que faz uso de anabolizantes não parece ser possível sem que sejam feitos exames precisos. Um artigo publicado na revista Men’sHealth, no entanto, propõe dar algumas pistas de como identificar quem faz uso dos chamados esteroides androgênicos anabólicos. Criados na década de 30, eles são substâncias que provocam no corpo humano efeitos semelhantes ao da testosterona. Os esteroides agem aumentando a concentração de proteína nas células contribuindo para o crescimento da massa muscular. No Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os anabolizantes só podem ser vendidos com prescrição médica. Mas, muitos ainda fazem uso indiscriminado do produto em todo o mundo. A matéria da revista mensal estadunidense, ouviu alguns personal trainers que entregaram as dicas para identificar o usuário de esteroides.

O uso da substância sem o acompanhamento médico, pode causar muitos danos à saúde. Nos corpos de homens e mulheres usuários de esteroides, observa-se o crescimento de pelos em todo o corpo e também um aumento das cordas vocais, fazendo com que ela se torne mais grave. A ginecomastia- acúmulo de tecido glandular mamário atrás do mamilo- seria outro efeito colateral dos esteroides. O produto faz com que a testosterona se converta em diidrotestosterona, um químico associado à calvície e ao crescimento canceroso da próstata.

Índice de massa corporal

O médico chamado Michael Scally, ouvido pela revista, disse que já tratou de mais de mil usuários de esteroides e constatou que de todas as pessoas que ele cuidou, nenhuma delas tinha o corpo físico de um fisiculturista. “Eles não têm 6-8% de gordura corporal e não são enormes. São homens de 20, 30 e 40 anos que usam esteroides apenas para ficar em forma mais rápido”, descreve Michael.

Harrison Pope, professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina de Harvard, desenvolveu o índice de massa corporal livre de gordura. Trata-se de um cálculo de altura, peso e percentual de gordura que dá uma ideia de quanto a pessoa está no seu limite fisiológico máximo. Este cálculo surgiu após ele estudar indivíduos usuários de esteroides em academias de Boston e comparando-os a fisiculturistas de épocas diferentes. Na época que o estudo foi realizado, 1995, Pope analisou o corpo dos vencedores do Mr. América de 1939 e 1959, quando os esteroides não eram tão disponíveis. A média foi de 25,4 sendo que o índice mais alto foi de 27,7.

Ou seja, baseado em treinamento e nutrição, esse índice na casa dos 20 e poucos é considerado normal para os fisiculturistas naturais. Acima de 26 ou 27, é suspeito. Resumindo: se uma pessoa magra é maior que os campeões de musculação da era pré-esteroides, desconfie que ela faz uso do produto, constata o psiquiatra.

A pesquisa de Pope também mostra a clara diferença entre usuários e não-usuários. Os esteroides aumentam o tamanho dos músculos que se unem às articulações do ombro: os dorsais, trapézio, o peitoral e os músculos superiores do braço (curiosamente, são os mesmos lugares nos quais a acne induzida pelos esteroides aparece). Atletas com trapézios de um tamanho fora do normal, quase sempre contam com um apoio farmacêutico.

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Problemas futuros

Até os anos 90 se sabia que os usuários de esteroides que retornavam à produção hormonal regular restaurariam seu equilíbrio físico e emocional. No entanto, Michael Scally percebeu que a realidade era outra.

Ao deixar de usar esteroides, surgem sintomas como perda muscular e de força, ganho de gordura, perda óssea, falta de sono, disfunção sexual, depressão, irritabilidade e fadiga. Como o corpo parou de produzir esperma, os ex-usuários costumam ficar estéreis por meses e até anos após suspenderem o uso.

Outro detalhe entrega o usuário de esteroides: aqueles atletas que parecem fisiculturistas prontos para um concurso a qualquer momento, que nunca ganham gordura ou perdem musculatura. Por fim, a revista dá outra dica: converse sobre o assunto com o suspeito em usar esteroide. “Se ele demonstrar um conhecimento impressionante sobre o tema, tudo leva crer que a pessoa é usuária de esteroides anabolizantes”, assegura Scally.

Risco à saúde do atleta
  • Dr. Guilherme Renke.
    Reprodução: Instagram @guirenke

Em entrevista ao Be Bang, Guilherme Renke, Especialista em Medicina do Esporte pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), alerta que é cada vez mais comum o uso de anabolizantes esteroides por atletas e fisioculturistas. “A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBMEE) advertem que o uso dessas substâncias pode trazer sérios danos à saúde como: infertilidade, alterações cardiovasculares levando até a insuficiência cardíaca, ginecomastia, acne e oleosidade em excesso. O grande problema está no uso abusivo dos esteroides pelo indivíduo visando ganho de rendimento e de força, o que traria risco à saúde do atleta e é considerado doping pela World Anti-Doping Agency (WADA), classe S1. Atletas profissionais podem ser banidos pelo uso dessas substâncias. Observa-se que entre os grandes usuários estão os ciclistas e atletas de endurance que utilizam a testosterona devido a sua ação anti-catabólica. Então não necessariamente o usuário dos esteroides terá o estereótipo de grandes proporções da massa muscular”, explica Renke.

O médico ressalta que o uso dos esteroides anabolizantes é diferente da terapia de reposição de testosterona (TRT) que visa restabelecer níveis fisiológicos desse hormônio em indivíduos que possuam deficiência comprovada após avaliação do médico. “O hipogonadismo ocorre quando há uma produção insuficiente de testosterona podendo afetar os homens desde a infância até a vida adulta. Após uma investigação clínica das possíveis causas da insuficiência a reposição só será indicada e deverá ser feita com acompanhamento médico. O efeito androgênico da testosterona em um indivíduo deficiente facilita o aumento da massa e da força muscular, melhora a libido e o bem estar geral”.

Ainda segundo Renke, é possível identificar quem faz uso deles. “É possível através de exames laboratoriais ou estigmas corporais clássicos como perda capilar, ginecomastia, atrofia testicular, massa muscular exagerada em trapézios e acne em excesso.”

Pesquisa aponta quem faz uso

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) divulgou alguns dados referentes ao uso de anabolizantes.  De acordo com a SBEM, o usuário típico não é o adolescente ou o atleta, mas o homem de cerca de 30 anos, bem educado e com renda alta. Foram pesquisados 2.663 homens e mulheres de 81 países, indicando que o motivo principal para o uso desses compostos é o aumento da musculatura. Ainda segundo a entidade, os anabolizantes esteroides possuem efeitos colaterais perigosos, tanto físicos como psicológicos. Isso pode ser mais perigoso em jovens, que estão em fase de desenvolvimento, podendo interromper o crescimento. Em mulheres, podem causar mudanças permanentes na voz e na genitália.

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