Correr mais rápido com um bochecho? Como assim?
Uma pesquisa avançada comprovou que o ato de bochechar, apenas sentir o sabor de algumas bebidas, mesmo sem engolir melhora sim o desempenho e a resistência.
- Bochecho com bebidas de carboidratos, mas sem engolir, melhora o rendimento.
- Os estudos descobriram também que o sabor amargo e a sensação quente e frio também podem influenciar na performance.
É comum o uso de bebidas esportivas, feitas em laboratório, terem uma reação especial no corpo, isso é testado e comprovado em atletas de elite. E aí vem a dúvida: existem bebidas naturais que melhoram o desempenho com bochecho?
A resposta é sim. De acordo com uma revisão da pesquisa publicada no European Journal of Nutrition, o sabor doce e forte dos carboidratos é campeão no aumento na performance simplesmente pelo gosto. Descobriram também alterações positivas na performance com sabores amargos, picantes e refrescantes.
À medida que as pesquisas avançam, há evidências certeiras de que a melhor alternativa continua sendo o bochecho com carboidratos. Mas a técnica é mais eficaz em pessoas que estejam com baixo nível de glicogênio (a forma de carboidrato armazenado nos músculos), como atletas de endurance e maratonistas.
Enganar o cérebro apenas bochechando funciona?
“Os receptores da boca detectam a presença de carboidratos, então enviam uma mensagem sobre uma possível fonte de combustível”, diz Russ Best, PhD no Deporte Science Center and Human Performance em Wintec, Nova Zelândia, e o principal autor da nova revisão da pesquisa.
“Isso ilumina várias áreas do cérebro que estão associadas à emoção, controle motor e recompensa. Essa interação pode melhorar o desempenho de muitas maneiras diferentes, incluindo tempos de reação mais rápidos, melhor tomada de decisão e produção de força, sem realmente afetar os níveis de combustível nos músculos dos atletas. O”aviso” mental de que a energia está chegando ocorrerá antes mesmo que ela de fato abasteça o músculo. Na verdade você deu um ‘alarme falso’ de energia para o corpo sem sobrecarregar o sistema digestivo.”
Vale ressaltar que estamos falando do sabor doce com carboidrato. Sem carboidrato no caso de uma bebida diet, o resultado não será o mesmo. É melhor especular que o efeito se deve à digestão do carboidrato iniciada na boca e por isso os receptores enviam sinais encorajadores ao cérebro.
Mas somente sabores doces?
Você já deve ter notado que todos os produtos de nutrição esportiva são doces, mas pesquisas mostram que os sabores amargos ativam áreas do cérebro semelhantes aos sabores doces. Um estudo constatou um aumento no rendimento de ciclistas que consumiram bebida amarga, porém ela teve que ser engolida. Conclusão, o gosto amargo, como o do café, não serve para a ativação bucal do impulso de energia do cérebro, mas sim pelo intestino.
Em termos práticos, os sabores amargo e doce podem melhorar sua performance em dois diferentes cenários. Os sabores doces parecem melhorar a sua explosão em momentos de cansaço no meio de provas e curtas distâncias. Já o amargo é melhor para longas distâncias com menos potência, como ultra maratonas e triatlos.
Bochechar cafeína pode melhorar seu humor e ajudar na tomada de decisões.
E os sabores refrescantes?
Com sede os sabores frescos são mais atraentes. A pesquisa descobriu que beber uma solução de mentol ativa os receptores associados à sensação de frio, que conforta a constante sensação de calor dos esportistas.
É importante lembrar que, mesmo que a pessoa tenha a sensação de frescor depois de beber produtos gelados, a temperatura do seu corpo não fica mais baixa. O mesmo fenômeno foi analisado em investigações sobre a ingestão de água gelada antes do exercício durante o calor.
Mas a pergunta que não quer calar: por que bochechar em vez de consumir? Na verdade, é desnecessário. A não ser que você tenha uma grande sensibilidade estomacal ou queira testar seu poder de enganar o cérebro. A grande dica é: se você for bochechar em alguma prova tenha o cuidado para não cuspir no próximo.