Saiba como produzir e estocar vitamina D no verão
Dermatologista dá dicas de como o sol de verão pode ser um aliado na hora de ajudar a produzir o hormônio tão essencial para saúde
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Em 10/01/2018 às 08:00
Com a chegada do sol forte do verão, é hora de aproveitar para renovar o bronzeado e aprender a estocar a vitamina D, essencial para o corpo humano. Mas fazer uma reserva do hormônio esteroide lipossolúvel é possível? A substância controla 270 genes, inclusive células do sistema cardiovascular e a sua carência causa uma série de complicações. Muitas são as formas de obtê-la mas é mesmo o sol o responsável por 80 a 90% da vitamina que o corpo recebe.
De acordo com a dermatologista Carla Binenbojm, Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Mestre em Dermatologia pela UFRJ e com Pós Graduação em Dermatologia- Queen Mary University, Londres, apenas 10% da vitamina D é obtida através de dieta e cerca de 90% é através da exposição solar. “Existe uma forma de colesterol presente na pele chamada 7- dehidrocolesterol que é transformada na substância em sua forma inativa pela radiação ultravioleta B. Esta forma é transportada até o fígado e aos rins onde é então metabolizada na forma ativa de vitamina D, ou vitamina D3”, explica a dermatologista ao Be Bang.
Melhor horário do sol
Para garantir uma melhor absorção da vitamina D, a médica aconselha os horários entre 10 horas da manhã e 3 horas da tarde. Carla Binenbojm ressalta que a radiação ultravioleta do tipo B (UVB) é a necessária para esta produção. “O UVB não passa através dos vidros, portanto, não funciona estar pegando sol através do vidro dos carros ou de seu escritório.” É preciso deixar a pele exposta para absorvê-la através dos raios de sol. E, detalhe: sem filtro solar na pele. O uso do produto bloqueia os raios e impede a produção de vitamina D. “A percentagem da pele que precisa ser exposta ao sol é de 30-40% da superfície corporal, sem protetor solar, no horários entre 10 -15 horas, por cerca de 15 a 20 minutos. Este tempo precisa ser um pouco maior em pessoas de pele negra. Para se equilibrar os benefícios do sol e o risco de câncer de pele, pode-se expor braços e pernas sem foto protetor apenas por este período de tempo. Recomenda-se fortemente proteger o tempo inteiro as áreas mais sensíveis, como colo, ombros, costas e face, através de vestuário e foto protetores.”
A vitamina D produzida fica estocada no fígado por tempo variável em pessoas que possuem níveis normais de vitamina D, segundo a dermatologista. Essas pessoas são aquelas que conseguem se expor ao sol durante os meses mais quentes do ano, quando os estoques duram os meses de inverno. No entanto, naquelas pessoas com níveis mais baixo, ou que se expõem pouco ao sol, ou ainda com dificuldades de absorção, geralmente será necessária a reposição da vitamina D através de suplementos.
Dose recomendada de Vitamina D
Mas a dose máxima de suplementação diária recomendada na maior parte dos estudos é de 4.000 Ui -10.000 Ui por dia para adultos. “Isto é o mesmo que 40 a 100 mg por dia. Em alguns casos estas dosagens podem ser até maiores, até 500 mg, mas isto é discutível e sempre a critério médico. Os diferentes países possuem diferentes protocolos para reposição. Na Inglaterra, por exemplo, recomenda-se que todas pessoas com mais de 1 ano de idade tomem suplementos durante os meses de inverno.”
Além disto, pessoas de pele negra, que têm mais dificuldade de absorção de UVB mesmo durante o inverno, devem procurar seus médicos e considerar a reposição durante o ano inteiro. Além destas, pessoas que fazem uso de corticosteroides por tempo prolongado, e pessoas que se expõem muito pouco ao sol também devem restituir a vitamina ao longo de todo o ano. “É preciso ressaltar que o excesso de vitamina D pode ser perigoso e sobrecarregar os rins, então sempre deve-se fazer a reposição com acompanhamento médico!”
Ainda de acordo com Carla, o hormônio está intimamente relacionado com a saúde dos ossos. Em crianças, a sua deficiência pode causar fraqueza nos ossos, fraturas e até mesmo problemas de crescimento. Em adultos, pode ocasionar dor óssea, fragilidade nos ossos e propensão a fraturas dos mesmos. Alguns estudos também têm tentado relacionar a deficiência da substância a problemas cardíacos e à sintomas de depressão.
E quem pensa em aproveitar o verão para garantir seu estoque de vitamina fica a dica da dermatologista: “Desfrutar da praia no verão não necessariamente será garantia de fartura de vitamina D, pois isto dependerá muito do horário e tempo da exposição, área corporal exposta com e sem foto protetor, além do tipo de pele e das condições de saúde de cada um. O ideal é verificar a dosagem no seu check-up anual e conversar com seu médico.”