Fortalecer a região pélvica é tão importante quanto malhar o corpo. Entenda
As pessoas, geralmente, se preocupam em malhar para deixar o abdômen definido, as pernas duras e torneadas e o coração pulsando forte e cheio de disposição. No entanto, ninguém lembra do complexo de 13 músculos responsáveis em sustentar a região pélvica (também conhecida como cavidade ou assoalho pélvico). A musculatura – que se localiza entre o osso púbis e o cóccix – forma o apoio que atua como uma cama elástica sustentando órgãos como a bexiga, próstata, reto e órgãos reprodutivos femininos e masculinos.
A região é responsável pelas funções sexuais e também está relacionado com o funcionamento dos esfíncteres urinários e anal, ajudando a manter as continências urinária e fecal.
O tabagismo, obesidade, constipação crônica, parto prolongado com fetos grandes, disfunção da musculatura da bexiga, diabetes e a menopausa são fatores que colaboram para a flacidez desse assoalho pélvico. E o enfraquecimento do assoalho pélvico pode gerar várias complicações como constipação e incontinência fecal. Mas essa decadência da musculatura ocasiona também problemas no trato urinário, como escapes de urina e bexiga hiperativa- quando o órgão se contrai sem a nossa vontade- dando a sensação de urgência para ir ao banheiro. Problemas relacionados ao orgasmo vaginal ou à ereção masculina também são causados pela flacidez da pelve.
Prevenção favorece diagnóstico precoce
O médico ginecologista, obstetra e especialista em ultrassonografia Maurício Lorenzatto, recomenda, antes de mais nada, que a paciente procure um especialista para identificar a razão dos problemas na região pélvica. “Consulte o seu ginecologista para identificar a causa da incontinência urinária. O tratamento depende deste diagnóstico. A análise criteriosa das queixas da paciente, associada ao exame físico e exames complementares, em especial o exame de urodinâmica, irão ajudar a identificar a real causa do problema”, orienta Lorenzatto.
De acordo com o médico, mesmo mulheres que não tiveram filhos podem sofrer com a flacidez no assoalho pélvico. “A incontinência urinária pode acometer mulheres após a menopausa mesmo não tendo filhos. Obesidade, tabagismo, idade avançada e a baixa dos níveis hormonais podem favorecer o seu aparecimento”.
Uma das recomendações de Maurício Lorenzatto para fortalecer essa região é a perda de peso. “A melhora e a manutenção da função da musculatura do assoalho pélvico (urogenital) ocorrem quando esta musculatura está presente, íntegra e forte. Este objetivo é alcançado com a perda de peso, realização de atividade física e fisioterapia direcionada a esta musculatura (urogenital).”
Fisioterapia para região pélvica
Existe uma fisioterapia específica para essa região conhecida como uroginecológica ou pélvica. Ela trata das disfunções do assoalho pélvico estimulando a prática de exercícios específicos.
A Fisioterapeuta Pélvica Mônica Lopes, membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Pélvica (ABFP) e sócia da Clínica Salutaire, no Rio, explica que os exercícios recomendados para o períneo devem ser praticados a vida inteira. Após a avaliação de um profissional, a mulher é orientada a como executá-los em casa.
No início, antes do domínio das técnicas, a ida às sessões deverão ocorrer uma ou duas vezes por semana. “A fisioterapia pélvica não é recomendada apenas para problemas de incontinência urinária ocasionadas durante a menopausa, quando a mulher tem uma diminuição da produção de estrogênio. Mas também para aquelas que têm o músculo da vagina tenso. Os exercícios melhoram a oxigenação do períneo tornando mais agradável o contato entre a vagina e o pênis, aumentando assim o prazer feminino”, diz Mônica.
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A especialista ressalta que a prática de exercícios de alto impacto como a corrida, o jump e o cross fit ajudam a prejudicar o períneo. “Esses exercícios aumentam a pressão abdominal que faz uma pressão grande nessa musculatura proporcionando uma maior propensão a desenvolver prolapso, que é a queda dos órgãos da região pélvica.”
Segundo Mônica Lopes, o assoalho pélvico da mulher é mais fraco do que o do homem por ter três aberturas: uretra, vagina e ânus. “Por isso a mulher tem mais tendência a ter queda de bexiga e incontinência urinária e fecal a mais do que o homem. Toda mulher deveria levar para a vida a execução dos exercícios que fortalecem essa região.”
Exemplos de exercícios caseiros
A fisioterapia ajuda quando os sintomas já estão perceptíveis, mas a ‘malhação’ da pelve pode ser realizada diariamente e com exercícios bem simples. Contrair a musculatura vaginal, por exemplo, ajuda no fortalecimento da região. Abaixo segue um exercício padrão e bem simples de ser feito em casa:
- Contraia os músculos do ânus e da vagina como se estivesse tentando não ir ao banheiro
- Contraia e relaxe os músculos três vezes.
- Mantenha-os contraídos, mas continue respirando
- Relaxe
- Ao voltar à posição normal, empurre os músculos para fora (este último movimento poderá ajudá-la a fazer a força necessária na hora do parto e evitar lacerações), relaxando totalmente. A seguir, contraia o assoalho pélvico novamente
- Repita os exercícios três vezes ao dia
- Pode ser praticado de pé, sentada ou deitada. Pode ser feito de forma lenta, moderada ou rápida. O ideal é que seja feito gradativamente, com constâcia e pelo resto da vida
Também existem acessórios que podem estimular o pavimento pélvico como bolas chinesas, cones anatômicos ou pesos vaginais. Caminhar com os objetos (por muitos usados apenas para relação sexual) introduzidos à vagina por 15 à 20 minutos diariamente é recomendado pelos especialistas e ajudam no fortalecimento do tônus muscular.
Aparelho de eletroestimulação
Além da fisioterapia pélvica, chegou ao Brasil um aparelho chamado Tens Care que ajuda a fortalecer esses músculos através da eletroestimulação. O aparelho dispõe de uma sonda que introduzida na vagina provoca contração muscular através de estímulos elétricos. Esse processo, que, exige apenas 20 minutos diários, aumenta a circulação sanguínea, melhorando a oxigenação celular. “O tratamento com eletroestimulação é um dos tratamentos conservadores para a incontinência urinária e é indicada nos casos de incontinência urinária leve”, informa Maurício Lorenzatto.
A empresária carioca Andreia de Oliveira Bruce, responsável por trazer o Tens Care ao Brasil, diz ser um exemplo vivo da revolução que o aparelho fez na sua saúde. Mãe de três filhos, ela notou que estava com problemas na região pélvica há quatro anos, quando completou 42. Para reverter o quadro, passou usar o aparelho há 16 meses e a transformação foi notória. “Era uma antes e agora sou outra. O parceiro percebeu e a minha vida está normal. Até durante as corridas senti diferença. Recomendo para toda a mulher. Usei religiosamente. Ele proporcionou uma mudança muito grande na minha vida”, aconselha.