Exercícios com saltos precisam de cuidados para não sobrecarregar articulações. Entenda
Atletas de modalidades como vôlei, basquete e parkour saltam muito na prática de seus esportes. Nas academias, aulas de jump, por exemplo, atraem mulheres em busca de pernas torneadas e glúteos rijos. E os exercícios com saltos vão além e melhoram a capacidade cardiovascular, enquanto queimam muitas calorias. Mas o Dr. Moisés Cohen, professor titular e chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unifesp, Presidente da Sociedade Mundial de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Trauma Desportivo, além de Diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, alerta em entrevista ao Be Bang: “Não são exercícios indicados para quem está com sobrepeso, já que o impacto que o joelho e o tornozelo sofrem é igual ao peso da pessoa multiplicado pela força da gravidade”.
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Segundo o médico, este tipo de exercício de impacto estimula o fortalecimento dos ossos, o que seria positivo para evitar o aparecimento da osteoporose. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, confirma que atividades físicas regulares diminuem em 45% no caso dos homens e 38% nas mulheres o risco de fraturas nos quadris. Mas o Dr. Cohen pede cautela aos praticantes idosos: “Os saltos podem provocar uma sobrecarga do tendão patelar por causa do mecanismo de desaceleração. Quando você salta tem que contrair rapidamente a musculatura das coxas para travar os joelhos, senão eles dobram e a pessoa cai. Isso repetidamente provoca inflamações, lesões de cartilagem e tendinite”. Para evitar problemas, o especialista indica um fortalecimento muscular prévio e, de acordo com seu peso ou idade, optar por versões mais seguras do exercício. “A superfície em que o salto é feito pode deixá-lo mais suave. Saltar em um chão de concreto é diferente de saltar numa cama elástica ou piscina, por exemplo. Essas últimas absorvem muito mais o impacto deixando o exercício bem mais suave para o corpo”, explica.
Escolha e tempo de uso do calçado faz a diferença
O ortopedista lembra que para que um exercício de alto impacto seja realizado com segurança para o corpo, a escolha de tênis com um amortecimento adequado é essencial: “O calçado suaviza muito o impacto na região plantar que irá se transmitir para tornozelo, joelho e quadris”. Mas prestar atenção no desgaste do solado também é fundamental para que a peça proteja realmente as articulações. “Tem que ficar atento ao tempo de uso do calçado. Para um indivíduo que corre com frequência é essencial trocar o tênis a cada seis meses. Na dúvida, uma dica é olhar sempre para o solado. Se ele tiver desgastado tem que trocar, mesmo que o desgaste seja apenas em uma parte da sola”, orienta, explicando que o conforto do tênis também é uma forma de saber se já está na hora de substituí-lo.
Absorção do impacto na prevenção de lesões
Quem salta com frequência sabe que pousar os pés no chão depois do salto gera um impacto grande na parte inferior do corpo. O que o Dr. Moises Cohen revela é que esse impacto pode ser amenizado com treino: “É importante que a pessoa apóie bem os dois pés no chão após o salto para que a carga do corpo possa ser distribuída de forma igual na planta do pé, evitando um impacto ainda maior em apenas uma parte do pé. Para isso existem exercícios que ensinam a fazer um movimento de chegada mais suave, inclusive fazendo uma flexão leve dos joelhos para amortecer essa queda após o salto”.
O médico explica que durante o salto algumas partes da perna fazem um trabalho extra e, por isso, merecem atenção especial no fortalecimento e alongamento: “A panturrilha é peça fundamental no arranque, o movimento pra cima. Já o quadríceps e os joelhos fazem o movimento de desaceleração, que é o amortecimento. Por isso o equilíbrio dessas musculaturas é tão importante”.