Realimentação x ‘dia do lixo’: entenda a diferença
Uma dieta longa e muito restritiva para perda de peso pode se tornar cansativa tanto para quem segue, quanto para o organismo (vide o chamado efeito platô) E é exatamente neste período de estagnação que muito se fala sobre a realimentação, um dia de consumo calórico maior, mas programado. Isso, porém, não deve ser em nenhum momento confundido com o chamado “dia do lixo”, condenado em uma pesquisa recente conduzida pelo pesquisador Carl Hulston, da Loughborough University.
Segredo é aumentar níveis de leptina
Segundo matéria publicada pelo site Bodybuilding, enquanto no “dia do lixo” a ideia é consumir, por um dia ou mesmo uma refeição, qualquer alimento, mesmo que gorduroso, açucarado e totalmente fora da dieta, a realimentação preconiza uma ingestão controlada de calorias, preferencialmente carboidratos e pouca gordura. Há ainda quem defenda o consumo apenas de alimentos prescritos para a dieta, só que em maior quantidade. A função, neste caso, não é o prazer de comer mais ou de consumir guloseimas de alto valor calórico. A realimentação preza por aumentar os níveis de leptina no corpo, hormônio responsável por enviar ao cérebro a sensação de saciedade.
A explicação é simples: quanto mais gordura eliminamos durante uma dieta, menor o nível de leptina no corpo, o que faz com que, naturalmente, o cérebro envie cada vez menos essa sensação de que já podemos parar de comer. Daí a importância da realimentação controlada durante uma dieta longa. De acordo com um estudo publicado pelo American Journal of Physiology-Endocrinology And Metabolism, ingerir mais carboidratos e menos gorduras durante um dia de pausa na dieta aumenta a resposta da leptina. Assim, ao retomar uma ingestão controlada de calorias, o corpo consegue aderir e responder melhor ao plano alimentar.
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Perda de peso moderada é o melhor caminho
O “dia do lixo” proporciona uma sensação de prazer extrema ao cérebro e a responsável por isso, segundo artigos de procedimentos da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, é a dopamina. Trata-se de um neurotransmissor responsável, entre outras coisas, por enviar sensações de prazer e recompensa ao cérebro. E assim como ocorre na realimentação, isto pode ajudar a continuar firme na dieta. O problema é que, se a pessoa estiver numa fase de perda de gordura, um único dia de deslize pode fazer mais mal do que bem, especialmente se este dia livre acontece semanalmente.
Quando perdemos peso através de uma reeducação alimentar equilibrada, o corpo vai mudando, aos poucos, o chamado “ponto de ajuste”. Ele nada mais é do que um determinado peso corporal e concentração de gordura que o seu corpo se sente bem. A questão é que quem passa muitos anos (ou toda uma vida) acima do peso, tem esse “ponto de ajuste” bem mais alto, por isso é importante emagrecer de forma lenta e constante à perder peso rapidamente, o que faz com que seu cérebro não reconheça o a sua nova imagem e faça um ‘boicote’ na sua dieta para voltar a engordar. Mais uma vez a leptina é a responsável por isso. Quando eliminamos muita gordura o metabolismo desacelera e a fome aumenta em uma espécie de proteção ao corpo, segundo o Dr. Scott Isaacs, diretor médico da Atlanta Endocrine Associates e autor do livro “Equilíbrio hormonal: Como perder peso entendendo seus hormônios e metabolismo”. No artigo “Como sua dieta de perda de gordura pode estar fazendo você gordo”, o PhD Layne Norton e Sohee Lee explicam que quando uma pessoa segue uma dieta bem rigorosa em termos calóricos e decide comer à vontade no “dia do lixo”, isso pode mudar novamente o “ponto de ajuste” pra cima e colocar todo o esforço a perder.
Carboidratos sim, gorduras não
Durante uma dieta prolongada, geralmente consumimos uma quantidade de carboidratos muito pequena e bem mais gorduras. Por isso em um dia de realimentação programado a ideia é reabastecer o corpo com carboidratos, aumentando os níveis de leptina. Um estudo conduzido pelo Departamento de Nutrição da Universidade da Califórnia observou que durante uma dieta, uma única refeição rica em gorduras promove um declínio nos níveis de leptina por até 24 horas. Considerando que esta mesma refeição promove um aumento da gordura corporal, não é nada inteligente tirar um dia de folga da dieta para se alimentar desta forma.
Além disso, segundo pesquisa publicada pelo jornal de Biologia Experimental e Medicina, abastecer o corpo de carboidratos por um dia ajuda a dar mais disposição para os treinos. Depois deles, aliás, a ingestão de carboidratos de alta glicemia, segundo a pesquisa, demonstrou ter um impacto ainda maior nos níveis de leptina, devido a sua correlação com a insulina. Isso vai tirá-lo do efeito platô e, ainda, dar a chance de uma refeição diferente e um ânimo extra para continuar se alimentando bem. Mas não esqueça de, neste dia com mais carboidratos, reduzir em pelo menos 30% o seu consumo de gorduras.